Oásis

  de Sha'la

       

Havia o tempo, havia o trabalho. 

Havia o sonho, havia o esforço. 

Havia a miragem, havia a sede. 

   

Não havia, porém, o oásis. 

Não havia, ou havia? 

Havia um oásis à frente, 

ou a visão de uma mente confusa pelo sol e pela fome? 

Não havia. 

   

O oásis não havia. 

    

Ou havia? E se o corpo cansar antes de alcança-lo? 

Teria a alma, livre do corpo, a mesma dificuldade? 

   

Contudo, precisaria a alma, 

eterna que é, 

beber daquela água, 

ou a sede pertence apenas ao corpo? 

     

E se o desejo pela água de um oásis não é sobre a sede, mas sobre encontrá-lo?

   

E se a grandiosa alma,

fruto da eternidade,

espremeu-se no corpo justamente para um dia buscar esse bendito oásis,

para com sede encontrá-lo?


E se a alma não deixar o corpo até chegar ao oásis,

mesmo que o corpo já não mais o deseje buscar?


Havia o tempo, havia o sol, 

havia a sede e havia o sonho. 

    

Havia tudo isso. 

E havia o oásis. 

     

Escrito em 22 de dezembro de 2022, 14:27